Santa Maria Eufrasia Pelletier
“Sois
destinados a serem outros bons pastores”.
Jesus
Cristo, o Bom Pastor, é o verdadeiro modelo que devemos esforçar-nos por imitar
para adquirirmos a perfeição do nosso estado. Pois que Ele se dignou
associar-nos a sua obra, e nos pôs, por assim dizer, em seu lugar no redil em
que reuniu tantas ovelhas infelizes, nós por nossa parte havemos de formar-nos
no seu espírito, e viver da sua mesma vida. Nenhum bem fareis, meus queridos
filhos, nem tereis o espírito da vossa vocação, se não vos revestirdes dos
pensamentos, sentimentos e afeições do Bom Pastor, do qual deveis ser vivas
imagens. Ora, que é que Jesus Cristo diz de Si mesmo? Eu vim para salvar o que
estava perdido (Lc. 19,10).
E o que
fez Ele? Foi atrás dos pecadores com solicitude paternal, suportando toda a
sorte de fadigas para os atrair a Si. Recordai-vos da inefável bondade com que
acolheu Madalena. Vede-O sentado a beira do poço de Jacó. Está fatigado, e
descansa um pouco. É que espera uma alma; quer converter a Samaritana.
Considerai-O após a Ressurreição, sempre no seu ofício de Bom Pastor, indo
atrás das duas ovelhas que deixavam descoroçoadas e tristes, Jerusalém, a
cidade da paz, para ir a Emaús, terra de confusão. Introduziu-se na companhia
de dois discípulos de alma consternada e fé vacilante. Caminhava com eles, nem
mais depressa nem mais devagar, tomava parte na sua conversa, acomodando- se a
sua fraqueza, para instruí-los e iluminar lhes as trevas do espírito.
Eis,
queridos filhos, o exemplo que devemos seguir, pois, por vocação, deveis
tornar-vos bons pastores, e tendes de imitar a abnegação e espírito de caridade
e de zelo do próprio Jesus Cristo. Como Ele, deveis ir a Emaús a procura das
ovelhas que fogem, e cumprindo junto delas o oficio de bom pastor, haveis de
reconduzi-las ao redil. É difícil! tal tarefa, mas é grande, nobre e divina aos
olhos da fé. Não deveis nunca desalentar com os obstáculos.
É Deus que
algumas vezes os põe diante de nós para estimular o nosso zelo, quando somos
tentados de tibieza. O objeto dos nossos pensamentos, desejos, palavras e
ações, devem ser a salvação das nossas queridas ovelhas, a exemplo do Salvador,
cujos pensamentos, desejos, atividades e trabalhos não tiveram outro fim. De
resto, as maravilhas que Ele tantas vezes opera nelas, mostram-nos bem
claramente quanto Ele deseja a sua salvação. Abrasai-vos, pois, de santo zelo
para salvar estas almas confiadas aos vossos cuidados. Seja esta a ocupação da
vossa vida.
Que este pensamento vos siga sempre, na vossa oração para a
tornardes mais fervoroso, nas vossas comunhões para inflamá-las com mais vivos
afetos, na prática dos vossos deveres para vos abrasar sempre mais no fogo da
caridade e do zelo. Não vos esqueçais de que para trabalhar eficazmente na salvação
das almas é preciso ser santo, todo de Deus, sem se preocupar consigo mesmo,
nem com as criaturas. Jesus Cristo escolheu-nos, associou-nos a sua missão
salvadora no meio dos povos, a fim de produzirdes frutos. Mas que frutos?
Frutos de conversão e de salvação. É assim que sobre vós atraireis
abundantemente as mais amplas bênçãos e graças. Tornai-vos dignos da vossa
sublime vocação, por um zelo ardente, ativo, vigilante, e por uma caridade sem
limites, tomando sempre por modelo o Pastor dos Pastores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário