sexta-feira, 19 de abril de 2013

IMITAR O BOM PASTOR

Santa  Maria Eufrasia Pelletier


“Sois destinados a serem outros bons pastores”.

Jesus Cristo, o Bom Pastor, é o verdadeiro modelo que devemos esforçar-nos por imitar para adquirirmos a perfeição do nosso estado. Pois que Ele se dignou associar-nos a sua obra, e nos pôs, por assim dizer, em seu lugar no redil em que reuniu tantas ovelhas infelizes, nós por nossa parte havemos de formar-nos no seu espírito, e viver da sua mesma vida. Nenhum bem fareis, meus queridos filhos, nem tereis o espírito da vossa vocação, se não vos revestirdes dos pensamentos, sentimentos e afeições do Bom Pastor, do qual deveis ser vivas imagens. Ora, que é que Jesus Cristo diz de Si mesmo? Eu vim para salvar o que estava perdido (Lc. 19,10).

E o que fez Ele? Foi atrás dos pecadores com solicitude paternal, suportando toda a sorte de fadigas para os atrair a Si. Recordai-vos da inefável bondade com que acolheu Madalena. Vede-O sentado a beira do poço de Jacó. Está fatigado, e descansa um pouco. É que espera uma alma; quer converter a Samaritana. Considerai-O após a Ressurreição, sempre no seu ofício de Bom Pastor, indo atrás das duas ovelhas que deixavam descoroçoadas e tristes, Jerusalém, a cidade da paz, para ir a Emaús, terra de confusão. Introduziu-se na companhia de dois discípulos de alma consternada e fé vacilante. Caminhava com eles, nem mais depressa nem mais devagar, tomava parte na sua conversa, acomodando- se a sua fraqueza, para instruí-los e iluminar lhes as trevas do espírito.

Eis, queridos filhos, o exemplo que devemos seguir, pois, por vocação, deveis tornar-vos bons pastores, e tendes de imitar a abnegação e espírito de caridade e de zelo do próprio Jesus Cristo. Como Ele, deveis ir a Emaús a procura das ovelhas que fogem, e cumprindo junto delas o oficio de bom pastor, haveis de reconduzi-las ao redil. É difícil! tal tarefa, mas é grande, nobre e divina aos olhos da fé. Não deveis nunca desalentar com os obstáculos.

É Deus que algumas vezes os põe diante de nós para estimular o nosso zelo, quando somos tentados de tibieza. O objeto dos nossos pensamentos, desejos, palavras e ações, devem ser a salvação das nossas queridas ovelhas, a exemplo do Salvador, cujos pensamentos, desejos, atividades e trabalhos não tiveram outro fim. De resto, as maravilhas que Ele tantas vezes opera nelas, mostram-nos bem claramente quanto Ele deseja a sua salvação. Abrasai-vos, pois, de santo zelo para salvar estas almas confiadas aos vossos cuidados. Seja esta a ocupação da vossa vida. 

Que este pensamento vos siga sempre, na vossa oração para a tornardes mais fervoroso, nas vossas comunhões para inflamá-las com mais vivos afetos, na prática dos vossos deveres para vos abrasar sempre mais no fogo da caridade e do zelo. Não vos esqueçais de que para trabalhar eficazmente na salvação das almas é preciso ser santo, todo de Deus, sem se preocupar consigo mesmo, nem com as criaturas. Jesus Cristo escolheu-nos, associou-nos a sua missão salvadora no meio dos povos, a fim de produzirdes frutos. Mas que frutos? Frutos de conversão e de salvação. É assim que sobre vós atraireis abundantemente as mais amplas bênçãos e graças. Tornai-vos dignos da vossa sublime vocação, por um zelo ardente, ativo, vigilante, e por uma caridade sem limites, tomando sempre por modelo o Pastor dos Pastores.


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