1. A afabilidade, o amor e a humildade tem uma força maravilhosa
para ganhar os corações dos homens e levá-los a abraçar as coisas desagradáveis
à natureza humana.
2. A alma que não conhece suas misérias não
pode chegar a ter verdadeira confiança em Deus.
3. A ansiedade que sentimos de ver se progredimos na perfeição não é
agradável a Deus e não serve senão para satisfazer nosso amor próprio.
4. A desconfiança que vós tendes de vós
mesmo é boa, porque é o fundamento da confiança em Deus.
5. A desigualdade dos acontecimentos não
deve nunca levar-nos à desigualdade de espírito, pois que essa desigualdade não
provém senão das nossas paixões, inclinações ou afeições imortificadas, as
quais não deve ter poder sobre nós.
6. A humildade nos faz descobrir de nós
mesmos, pois somos fracos e pobres; porém a generosidade nos faz confiar em
Deus autor de todo bem, e por isto estas virtudes devem andar sempre unidas.
7. A humildade que inclina ao desalento, a
desconfiança, a perturbação, é oposto à caridade.
8. A liberdade de espírito consiste na
prontidão para fazer a vontade de Deus, seja esta qual for.
9. A
misericórdia é um afeto que nos faz participar da paixão e dor daquele a quem
amamos, atraindo ao nosso coração a miséria que ele sofre.
10. A
paciência é tanto mais perfeita quanto menos mescla se veja de ansiedades e
inquietudes.
11. A perfeição não consiste na ausência de tentações. Os santos, como
nós, foram tentados, e alguns mais fortemente do que nós.
12. Amai a
todos com amor de caridade; porém não tenhais amizade com quem não possa
servir-vos em algo para adquirir a virtude.
13. Amar a
Deus em meio aos consolos pode fazê-los os mais débeis e até pequenos; porém
amá-lo quando nos chega a amargura é próprio das almas generosas e constantes.
14. Amar a vontade de Deus nas pequeninas
contrariedades quotidianas é seguro indicio de uma pessoa desprendida de si
mesma.
15. Antes
perder tudo do que perder a confiança, o ânimo, a resolução de amar a Deus para
sempre.
16. As
grandes oportunidades de servir a Deus são raras, pequenas sempre existem.
17. As mortificações que nos vem de Deus ou dos homens, por permissão
divina, são sempre mais preciosas do que aquelas que são filhas da nossa
vontade.
18. Bom é
mortificar a carne; porém vale muito mais purificar o coração de seus afetos
desordenados.
19. Cada um
de nós tem suas próprias opiniões e isso não se opõe a virtude. O que se opõe a
virtude é o apego que temos as nossas opiniões.
20. Certas
pequenas tentações são muito úteis, porque nos fazem entrar em nós mesmos; recordam-nos
nosso nada e faz que recorramos a Deus com mais fervor.
21. Como se engana a pessoa que faz
consistir a santidade em outras coisas e não em amar a Deus.
22. Confiar em Deus na suavidade e na paz
das prosperidades, qualquer um pode fazê-lo; mas entregar-se a ele nas lutas e
tempestades, é próprio de seus filhos.
23. Conhecerás teu
tesouro por seu amor e seu amor por seus pensamentos.
24. Considerai vossos defeitos com mais do
que indignação, com mais humildade que severidade e conservai o coração cheio
de um amor brando, sossego eterno.
25. Desejar o martírio e ao mesmo tempo
descuidar das obrigações do próprio estado é uma pura ilusão.
26. Desejo ardentemente gravar em vosso
coração uma máxima muito saudável; é esta: “Não pedir nada, não recusar nada”.
27.
Deus é tão digno do nosso amor quando nos consola, como quando nos faz sofrer.
28. Deus exige muito mais de nós a fidelidade
nas pequenas ocasiões que nos põe em nossas mãos, que os ardentes desejos de
fazer grandes coisas que não estão em nosso alcance.
29. Deus quer que a tua miséria seja o
trono de sua misericórdia e a tua impotência a sede do teu poder.
30. Deveis
destruir em vós tudo o que se oponha a perfeita união com Deus; sobretudo o
amor próprio, a própria vontade, o desejo das honras e a satisfação dos
sentidos.
31. É bom conhecer os defeitos na vida dos santos não só para reconhecer a bondade de Deus que as
perdoado, senão também para aprender a evitá-los.
Férias de Julho
de 2013