Pe. Alessandro de Borbón LC
Ao
pensar na palavra “pastor”, vem logo à nossa mente a figura do Bom Pastor,
aquele que vela pelas suas ovelhas; que está disposto a deixar as noventa e
nove para ir atrás daquela que se perdeu; que coloca a ovelha perdida sobre os
seus ombros e a carrega com amor e paciência. O Bom Pastor vive em função das
suas ovelhas. São a única preocupação e dedicação. Busca levá-las para melhores
pastagens, para onde tiver água. No momento do perigo levanta o seu bastão e o
seu cajado para que elas se sosseguem. Protege a cada uma delas. Conhece e
chama cada uma por seu nome. Sem dúvida, Jesus é o nosso Bom Pastor que assumiu
a nossa condição humana e veio ao nosso encontro. Ele nos leva a uma vida nova,
onde podemos encontrar a vida verdadeira e deixar a nossa vida de pecado, os
nossos medos e complexos.
Quando
pensamos na palavra “cordeiro”, imaginamos a um animal dócil, indefeso, manso,
que precisa ser conduzido e protegido. Que fica quieto e vulnerável diante do
tosquiador. Cristo nestes dias também de apresentará como manso cordeiro
conduzido ao matadouro. Como ovelha muda diante do tosquiador. Ficará calado
diante dos que o julgam. Não abrirá a boca quando será maltratado. Suportará
tudo sem nenhuma queixa. Como o cordeiro expiatório que era enviado ao deserto
carregando sobre si todos os pecados, Cristo carregará sobre si os nossos
pecados. Será triturado por causa das nossas iniqüidades. O castigo que nos
salva pesará totalmente sobre Ele. E seremos curados graças às suas chagas.
Ser
Cordeiro e ser Pastor: missão de Jesus Cristo, missão de todos os sacerdotes.
Mas para poder ser pastor, devemos em primeiro lugar sermos cordeiros. A
verdadeira missão de Cristo só foi entendida plenamente à luz da sua morte e
ressurreição. Somente quando ele se fez cordeiro e se entregou voluntariamente
é quando pode chegar ao consumatum est.
E começou a ser plenamente pastor universal de todos nós com o seu exemplo e ao
dar a sua vida. Não existe melhor amigo que aquele que dá a sua vida pelos
amigos (Jo 15,13). O sacerdote começará a ser verdadeiramente sacerdote e
pastor quando entender que a sua missão é carregar sobre si as penas dos
pecados dos outros. O Cura d´Ars ao dar a penitencia durante a
confissão buscava
ser misericordioso e suave com o penitente. Mas era exigente e árduo consigo
mesmo, obrigando-se a dar uma penitencia pesada para si em reparação pelo
pecado escutado.
Também
como manso cordeiro, devemos ser conduzidos ao matadouro e no “martírio branco”
da nossa vida ordinária – nas pequenas renuncias (e quantas renuncias devemos
fazer todos os dias), nos pequenos oferecimentos e sacrifícios -, devemos
aprender a morrer pouco a pouco, dia a dia, às nossas paixões, ao nosso egoísmo
e a nós mesmos. Aprendeu sofrendo e obedecer e obedeceu até a morte. Não existe
redenção sem morte e ressurreição. Não existe sacerdócio sem cruz. Não existe
Cristo e cruz sem Cristo. Levamos cada um a nossa cruz, mas sabemos que é a
cruz de Cristo. E é a cruz que nos levará à redenção. Se não pregamos a Cristo
e Cristo crucificado, não estaremos cumprindo a nossa missão. Mas sabemos
igualmente que depois da cruz vem a ressurreição. Vã seria a nossa fé se não
fosse pela ressurreição.
Nesta
Semana Santa, vamos fazer a experiência de sermos cordeiros, de oferecermos em
sacrifício as nossas vidas para podermos ser bons pastores.
CONSAGRAÇÃO
Senhor Jesus
Cristo, Pastor da minha alma. Consagro-me inteiramente a Vós:
Consagro-vos meus
olhos para contemplar-vos, meu coração para amar-vos, meus ouvidos para escutar-vos,
minha língua para anunciar-vos e minha vocação para imitar-vos.
Entrego-me a
vós, para que por mim apascenteis as vossas ovelhas..
Amém.