segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A MANSIDÃO CONOSCO

São Francisco de Sales


Um modo de fazer bom uso desta virtude é aplicá-la a nós mesmos, não nos irritando contra nós e nossas imperfeições; o motivo, pois, que nos leva a sentir um verdadeiro arrependimento de nossas faltas não exige que tenhamos uma dor repassada de aborrecimento e indignação. É quanto a esse ponto que erram muitos continuamente, agastando-se por estarem agastados e amofinando-se por estarem amofinados, porque assim conservam aceso no coração o fogo da cólera e, bem longe de abrandar deste modo a paixão, estão sempre prestes a exasperar-se à primeira ocasião. Além de que esta ira, pesar e aborrecimento contra si mesmo encaminham ao orgulho, procedem do amor-próprio que se perturba e inquieta por nos ver tão imperfeitos. O arrependimento de nossas faltas deve ter duas qualidades: a tranquilidade e a firmeza.

Não é verdade que a sentença que um juiz pronuncia contra um criminoso, com calma, é mais conforme à justiça do que aquelas que são influídas pela paixão e por um espírito irrequieto, determinando o castigo não tanto pela qualidade do crime como por sua disposição? Digo também que mais eficazmente nos punimos de nossas faltas por uma dor calma e constante do que por um arrependimento passageiro e cheio de amofinações e indignação, porque nesta excitação nos julgamos segundo a nossa inclinação e não conforme a natureza do erro cometido. Por exemplo: quem tem grande à castidade sentirá amargamente qualquer golpe desferido contra esta virtude, rindo-se talvez duma grave detração em que tiver incorrido; ao contrário, quem odeia a detração há de se afligir excessivamente duma leve palavra contra a caridade, fazendo talvez pouco caso duma falta considerável contra a castidade. Donde vem isso senão de que se julga a consciência não segundo a razão, mas segundo a paixão?

Crê-me, uma admoestação dum pai a seu filho, feita com uma doçura toa paternal, há de corrigi-lo mais facilmente que um castigo severo infligido num estado de irritação. De modo semelhante, se nosso coração cometer uma falta e nós o chamamos à ordem, branda e tranquilamente, com mais, com mais compaixão de sua fraqueza do que ira contra sua falta, exortando-o com suavidade a proceder melhor, este modo de agir o tocará e encherá mais de dor do que as repreensões ás peras que a indignação apaixonada lhe poderia fazer.

Quanto a mim, se me propusesse evitar todo pecado de vaidade e caísse num, bem considerável, não havia de repreender o meu coração desse modo: Tu és verdadeiramente miserável e abominável, porque te deixaste seduzir pela vaidade depois de tantas resoluções! Que vergonha! Não levantes mais os olhos ao céu, cego, imprudente e infiel a Deus! – quisera corrigi-lo com modos compassivos: Pois bem, meu pobre coração, eis-nos de novo caídos na cilada que tínhamos resolvido evitar! Ah! Levantemo-nos de novo e livremo-nos dela para sempre; imploremos a misericórdia de Deus; esperamos que ele nos sustente para o futuro e reentremos nos caminhos da humildade! Coragem! Deus nos há de ajudar e ainda faremos alguma coisa de bem. Sobre a suavidade desta branda correção queria eu fundar solidamente a resolução de não mais reincidir no mesmo pecado, procurando os meios conducentes a esse fim e principalmente o conselho do meu diretor.

Se, entretanto, o coração não for bastante sensível a essas doces repreensões, convém empregar meios mais enérgicos, uma repreensão mais forte e áspera para enchê-lo duma profunda confusão de si mesmo, contanto que, depois de tratá-lo com esta severidade, se procure consolá-lo com uma santa e suave confiança em Deus, à imitação desse grande penitente que, sentindo a sua alma aflita, a consolava dizendo: Por que estás tu triste, minha alma? E por que me perturbas? Espera em Deus, porque ainda hei de louvá-lo: salvação de meu rosto e Deus meu!

Levanta-te de tuas faltas com uma grande placidez de coração, humilhando-te profundamente diante de Deus e confessando-lhe a tua miséria, mas em te admirares disso. Que há, pois, de extraordinário que a enfermidade seja enferma, a fraqueza, fraca, e a miséria, miserável? Detesta, contudo, com todas as forças, a fronta feita à divina Majestade, e depois, com uma confiança inteira e animosa em sua misericórdia, volta ao caminho da virtude, que tinhas abandonado.

(Escrito extraído da Obra clássica de São Francisco de Sales, FILOTÉIA)


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O BOM PASTOR

Dom Henrique Soares


O Quarto Domingo da Páscoa é conhecido como Domingo do Bom Pastor porque nele sempre se lê como evangelho um trecho do capítulo 10 de S. João, onde Cristo se apresenta como Bom Pastor. “Ressuscitou o Bom Pastor, que deu a vida pelas ovelhas e quis morrer pelo rebanho” – é a antiga exclamação da antífona de comunhão para a missa de hoje.

Diante dos maus pastores de Israel, Deus mesmo havia prometido pastorear o seu povo, reunindo e cuidando de suas ovelhas. Pois bem, agora o Cristo diz: “Eu sou o Bom Pastor” – em grego, “bom” diz-se kalós, que significa “belo, perfeito, pleno, completo”. Jesus apresenta-se, portanto, como o Belo Pastor, o Pastor por excelência, o único Pastor verdadeiro, o próprio Deus que vem apascentar Israel. E por que ele é o Bom Pastor? “Porque eu dou a minha vida pelas ovelhas!”

Basta pensar que no antigo Israel não se cultivava o pasto. Era o pastor quem conduzia o rebanho deserto adentro para alimentar as ovelhas. Também era o pastor quem as guiava para o poço a fim de dar-lhes de beber; quem cuidava de afugentar os perigos: lobos, leões, salteadores, víboras... O pastor era, portanto, a vida do rebanho, aquele que dava realmente a vida às ovelhas, de modo que existia uma comunhão entre ovelhas e pastor: este amava suas ovelhas e aquelas conheciam a voz do pastor.

Pois bem: Jesus é o Bom Pastor: “Minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem”. Para sabermos se somos do rebanho do Cristo-Pastor vejamos se escutamos sua voz, que ressoa na voz da Igreja e na voz de seus pastores, representantes do único Pastor.
Jesus também diz: “Eu lhes dou a vida eterna e elas jamais se perderão! E ninguém vai arrancá-las de minha mão!” Eis! A profundidade dessas palavras é enorme! A vida eterna que o Bom Pastor já nos dá nesta vida terrena é o seu próprio Espírito, que é sua mesma Vida divina, Vida que ele, o Vivente, morto e ressuscitado, tem em abundância. Aqui aparece nossa total dependência em relação ao Cristo: o cristão vive do seu querido Pastor, alimenta-se dele. Ele nos leva às águas repousantes do Batismo, ele unge nossa cabeça com o santo crisma a Confirmação, ele nos prepara a Mesa da Eucaristia para que permaneçamos na sua Casa pelos tempos eternos.

Escutando as palavras do Cristo, não é possível pensar um cristianismo que faz do seu jeito, que manipula a verdade, que se julga dono de seu próprio nariz. A ovelha é dócil ao Pastor, o rebanho segue, com todo abandono confiante, a voz do seu Pastor.

Apascenta-nos, Senhor, neste deserto do mundo atual! Livra-nos dos leões, dos lobos astutos, dos salteadores, muitas vezes disfarçados de pastores... Livra-nos da tremenda ilusão de encontrar pasto, água e repouso longe de ti! Somente encontraríamos a morte! “Possa eu viver e para sempre te louvar; e que me ajudem, ó Senhor, os teus conselhos! Se eu me perder como uma ovelha, procura-me, porque nunca esqueci os teus preceitos!” (Sl 118).


domingo, 14 de outubro de 2012

FESTA DE SANTA TERESA DE ÁVILA, nossa mestra espiritual

SÓ DEUS BASTA!




Teresa de Cepeda e Ahumada nasceu na província de ÁvilaEspanha, numa família da baixa nobreza. Seus pais chamavam-se Alonso Sánchez de Cepeda e Beatriz Dávila e Ahumada. Teresa refere-se a eles com muito carinho. Alonso teve três filhos de seu primeiro casamento. Beatriz deu-lhe outros nove.
Aos sete anos, gostava muito de ler histórias dos santos. Seu irmão Rodrigo tinha quase a sua idade, por isto costumavam brincar juntos. As duas crianças viviam pensando na eternidade, admiravam a coragem dos santos na conquista da glória eterna. Achavam que os mártires tinham alcançado a glória muito facilmente e decidiram partir para o país dos mouros com a esperança de morrer pela fé. Assim sendo, fugiram de casa, pedindo a Deus que lhes permitisse dar a vida por Cristo. EmAdaja encontraram um dos tios que os devolveu aos braços da aflita mãe. Quando esta os repreendeu, Rodrigo colocou toda a culpa na irmã. Com o fracasso de seus planos, Teresa e Rodrigo decidiram viver como ermitães na própria casa e construíram uma cela no jardim, sem nunca conseguir terminá-la. Desde então, Teresa amava a solidão.

Juventude
A mãe de Teresa faleceu quando esta tinha quatorze anos: "Quando me dei conta da perda que sofrera, comecei a entristecer-me. Então me dirigi a uma imagem de Nossa Senhora e supliquei com muitas lágrimas que me tomasse como sua filha". Quando completou quinze anos, o pai levou-a a estudar no Convento das Agostinianas de Ávila, para onde iam as jovens de sua classe social.
Um ano e meio mais tarde, Teresa adoeceu e seu pai a levou para casa. A jovem começou a pensar seriamente na vida religiosa que a atraía por um lado e a repugnava por outro. O que a ajudou na decisão foi a leitura das "Cartas" de São Jerônimo, cujo fervoroso realismo encontrou eco na alma de Teresa. A jovem comunica ao pai que desejava tornar-se religiosa, mas este pediu-lhe para esperar que ele morresse para ingressar no convento. No entanto, em uma madrugada, com 20 anos, a santa fugiu para o Convento Carmelita de Encarnación, em Ávila, com a intenção de não voltar para casa.

Vida religiosa
Teresa ficou no Convento da Encarnação. Tinha 20 anos. Seu pai, ao vê-la tão decidida, deixou de opor-se à sua vocação. Um ano depois fez a profissão dos votos. Pouco depois, piorou de uma enfermidade que começara a molestá-la antes de professar. Seu pai a retirou do convento. A irmã Joana Suárez acompanhou Teresa para ajudá-la. Os médicos, apesar de todos os tratamentos, deram-se por vencidos e a enfermidade, provavelmente impaludismo (malária), se agravou. Teresa conseguiu suportar aquele sofrimento, graças a um livrinho que lhe fora dado de presente por seu tio Pedro: "O terceiro alfabeto espiritual", do Padre Francisco de Osuna. Teresa seguiu as instruções da pequena obra e começou a praticar a oração mental. Finalmente, após três anos, ela recuperou a saúde e retornou ao Carmelo.
Sua prudência, amabilidade e caridade conquistavam a todos. Segundo o costume dos conventos espanhóis da época, as religiosas podiam receber todos os visitantes que desejassem, a qualquer hora. Teresa passava grande parte de seu tempo conversando no locutório. Isto a levou a descuidar-se da oração mental. Vivia desculpando-se dizendo que suas enfermidades a impediam de meditar.
Pouco depois da morte de seu pai, o confessor de Teresa fê-la ver o perigo em que se achava sua alma e aconselhou-a a voltar à prática da oração. Desde então, a santa jamais a abandonou. No entanto, ainda não se decidira a entregar-se totalmente a Deus nem a renunciar totalmente às horas que passava no locutório trocando conversas e presentes com os visitantes. Curioso notar que, em todos estes anos de indecisão no serviço de Deus, Santa Teresa jamais se cansava de prestar atenção aos sermões, "por piores que fossem".
Cada vez mais convencida de sua indignidade, Teresa invocava com freqüência os grandes santos penitentes, Santo Agostinho eSanta Maria Madalena, aos quais estão associados dois fatos que foram decisivos na vida da santa. O primeiro foi a leitura das "Confissões" de Santo Agostinho. O segundo foi um chamamento à penitência que ela experimentou diante de um quadro da Paixão do Senhor: "Senti que Santa Maria Madalena vinha em meu socorro... e desde então muito progredi na vida espiritual". Sentia-se muito atraída pelas imagens de Cristo ensangüentado em agonia. Certa ocasião, ao deter-se sob um crucifixo muito ensanguentado, perguntou: "Senhor, quem vos colocou aí?" Pareceu-lhe ouvir uma voz: "Foram tuas conversas no parlatório que me puseram aqui, Teresa". Ela chorou muito e a partir de então não voltou a perder tempo com conversas inúteis e nas amizades que não a levavam à santidade.
As Carmelitas, como a maioria das religiosas, desde os princípios do século XVI, já haviam perdido o primeiro fervor. Já vimos que os locutórios dos conventos de Ávila eram uma espécie de centro de reunião para damas e cavalheiros de toda a cidade. As religiosas saíam da clausura pelo menor pretexto. Os conventos eram lugares ideais para quem desejava uma vida fácil e sem problemas. As comunidades eram muito numerosas. O Convento da Encarnação possuía quase 200 religiosas.
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Só o amor dá valor a todas as coisas. E o mais necessário é que seja grande o bastante para que nenhuma coisa o estorve.

Reformadora e fundadora
Já que esta situação era aceite como normal, as religiosas não se davam conta de que o seu modo de vida estava muito distante do espírito de seus fundadores. Assim, quando uma sobrinha de Santa Teresa, também religiosa no Convento da Encarnação, lhe deu a ideia de fundar uma comunidade reduzida, a santa, que já estava há 25 anos naquele convento, resolveu colocar em prática o plano.
São Pedro de AlcântaraSão Luís Beltrán e o bispo de Ávila aprovaram o projeto. O provincial dos Carmelitas, Pe. Gregório Fernández, autorizou Teresa a colocar seu plano em prática. Contudo, a execução do projeto causou muitos comentários e o provincial retirou a permissão. Santa Teresa foi criticada pelos nobres, pelos magistrados, pelo povo e até por suas próprias irmãs. Apesar disso tudo, o dominicano Pe. Ibañez incentivou Teresa a prosseguir seu projeto.
São Pedro de Alcântara, Dom Francisco de Salcedo e o Pe. Gaspar Daza conseguiram que o bispo tomasse a causa da fundação do novo convento para si. Eis que chega de Roma a autorização para se criar a nova casa religiosa, o que ocorreu no dia de São Bartolomeu, em 1562. Durante a missa receberam o véu a sobrinha da santa e outras três noviças.
A inauguração causou grande rebuliço em Ávila. Nesta mesma tarde, a superiora do Convento da Encarnação mandou chamar Teresa e a santa a procurou com certo temor, pensando que iam encarcerá-la. Teve que explicar sua conduta à superiora e ao Pe. Angel de Salazar, provincial da Ordem. A Santa reconhece que não faltava razão a seus superiores por estarem desgostosos. Mesmo assim, o Pe. Salazar lhe prometeu que ela poderia retornar ao Convento de São José logo que se acalmassem os ânimos da população.
A fundação não era bem vista em Ávila, porque as pessoas desconfiavam das novidades e temiam que um convento sem recursos se transformasse em um peso para a cidade. O prefeito e os magistrados teriam mandado demolir o convento, se não tivessem sido dissuadidos pelo dominicano Bañez. Santa Teresa não perdeu a paz em meio às perseguições e prosseguiu colocando a obra nas mãos de Deus.
Francisco de Salcedo e outros partidários da fundação enviaram à corte um sacerdote que defendesse a causa diante do rei. Os doisdominicanos Báñez e Ibáñez acalmaram o bispo e o provincial. Pouco a pouco a tempestade foi-se acalmando. Quatro meses depois, o Pe. Salazar permitiu que Santa Teresa e suas quatro religiosas retornassem ao Convento de São José.
Teresa estabeleceu em seu convento a mais estrita clausura e o silêncio quase perpétuo. A comunidade vivia na maior pobreza. As religiosas vestiam hábitos toscos, usavam sandálias em vez de sapatos (por isso foram chamadas "descalças") e eram obrigadas a abstinência perpétua de carne. A fundadora, a princípio, não aceitou comunidades com mais de treze religiosas. Mais tarde, nos conventos que possuiam alguma renda, aceitou que residissem vinte monjas.
A grande mística Teresa não descuidava das coisas práticas. Sabia utilizar as coisas materiais para o serviço de Deus. Certa ocasião disse: "Teresa sem a graça de Deus é uma pobre mulher; com a graça de Deus, uma fortaleza; com a graça de Deus e muito dinheiro, uma potência".
Encontrou certo dia em Medina del Campo dois frades carmelitas que estavam dispostos a abraçar a Reforma: Antonio de Jesús de Heredia, superior, e Juan de Yepes, que seria o futuro São João da Cruz.
Aproveitando a primeira oportunidade, ela fundou um conventinho de frades em Duruelo em 1568. Em 1569 fundou o de Pastrana. Em ambos reinava a maior pobreza e austeridade. Santa Teresa deixou o resto das fundações de conventos de frades a cargo de São João da Cruz. Depois de muitas lutas, incompreensões e perseguições, obteve de Roma uma ordem que eximia os Carmelitas Descalços da jurisdição do Provincial dos Calçados.
Em 1580, quando estabeleceu-se a separação entre os dois ramos da Ordem do Carmo, Santa Teresa de Ávila tinha 65 anos e sua saúde estava muito debilitada. Nos últimos anos de sua vida fundou outros dois conventos. As fundações da Santa não eram simplesmente um refúgio das almas contemplativas, mas também uma espécie de reparação pelos destroços causados nos mosteiros pelo protestantismo, principalmente na Inglaterra e na Alemanha.

A morte
Na fundação do convento de Burgos, que foi a última, as dificuldades não diminuiram. Em julho de 1582, quando o convento já ia com suas obras adiantadas, Santa Teresa tinha intenção de retornar a Ávila, mas viu-se forçada a mudar seus planos para ir a Alba de Tormes visitar a duquesa Maria Henríquez. A Beata Ana de São Bartolomeu afirmou que a viagem não estava bem programada e que a Santa estava tão fraca que desmaiou no caminho. Certa noite só puderam comer alguns figos. Chegando a Alba, Teresa teve que deitar-se imediatamente. Três dias depois, disse à Beata Ana de São Bartolomeu: "Finalmente, minha filha, chegou a hora de minha morte". O Pe. Antonio de Heredia ministrou-lhe os últimos sacramentos. Quando o mesmo padre levou-lhe o viático, a Santa conseguiu erguer-se do leito e exclamou: "Oh, Senhor, por fim chegou a hora de nos vermos face a face!" Ela morreu às 9 horas da noite de 4 de outubro de 1582. Exatamente no dia seguinte efetuou-se a Mudança para o calendário gregoriano, que suprimiu dez dias, de modo que a festa da santa foi fixada, mais tarde, para o dia 15 de outubro. Foi sepultada em Alba de Tormes, onde repousam suas relíquias.
Teresa é uma das maiores personalidades da mística católica de todos os tempos. Suas obras, especialmente as mais conhecidas (Livro da Vida, Caminho de Perfeição, Moradas e Fundações), contém uma doutrina que abraça toda a vida da alma, desde os primeiros passos até à intimidade com Deus no centro do Castelo Interior. Suas cartas no-la mostram absorvida com os problemas mais triviais. Sua doutrina sobre a união da alma com Deus é bem firmada na trilha da espiritualidade carmelita, que ela tão notavelmente soube enriquecer e transmitir, não apenas a seus irmãos, filhos e filhas espirituais, mas à toda Igreja, à qual serviu fiel e generosamente. Ao morrer sua alegria foi poder afirmar: "Morro como filha da Igreja".
Foi canonizada em 1622. No dia 27 de setembro de 1970, o Papa Paulo VI conferiu-lhe o título de Doutora da Igreja.
Santa Teresa de Ávila é considerada um dos maiores gênios que a humanidade já produziu. Mesmo ateus e livres-pensadores são obrigados a enaltecer sua viva e arguta inteligência, a força persuasiva de seus argumentos, seu estilo vivo e atraente e seu profundo bom senso. O grande Doutor da Igreja, Santo Afonso Maria de Ligório, a tinha em tão alta estima que a escolheu como patrona, e a ela consagrou-se como filho espiritual, enaltecendo-a em muitos de seus escritos.
Sua festa é comemorada no dia 15 de outubro.


sábado, 13 de outubro de 2012

OFFICIVM PARVVM CONCEPTIONIS IMMACVLATÆ




Ad Matutinum

V. Eia, mea labia, nunc annuntiate,
R. Laudes et præconia Virginis beatæ.

Ad Completorium

V. Convertat nos, Domina, tuis precibus placatur Iesus Christus Filius tuus.
R. Et avertat iram suam a nobis.

Ad Horas Omnes
V. Domina, in adiutorium meum intende.
R. Me de manu hostium potenter defende.

V. Gloria Patri, et Filio, et Spiritui Sancto.
R. Sicut erat in principio, et nunc, et semper, et in sæcula sæculorum. Alleluia*.

AD MATUTINUM

Salve, mundi Domina,
Cælorum Regina:
Salve, Virgo virginum,
Stella matutina.

Salve, plena gratia,
Clara luce divina.
Mundi in auxilium,
Domina, festina.

Ab æterno Dominus
Te præordinavit
Matrem unigeniti
Verbi, quo creavit.

Terram, pontum, æthera,
Te pulchram ornavit
Sibi Sponsam, quæ
In Adam non peccavit.

V. Elegit eam Deus, et præelegit eam.
R. In tabernaculo suo habitare fecit eam.

CONCLUSIO HORAE

Oremus

Sancta Maria, Regina cælorum, Mater Domini nostri Iesu Christi, et mundi Domina, quæ nullum derelinquis, et nullum despicis: respice me, Domina, clementer oculo pietatis, et impetra mihi apud tuum dilectum Filium cunctorum veniam peccatorum: ut qui nunc tuam sanctam et immaculatam conceptionem devoto affectu recolo, æternæ in futurum beatitudinis, bravium capiam, ipso, quem virgo peperisti, donante Domino nostro Iesu Christo: qui cum Patre et Sancto Spiritu vivit et regnat, in Trinitate perfecta, Deus, in sæcula sæculorum. Amen.

V. Domina, protege orationem meam.
R. Et clamor meus ad te veniat.

V. Benedicamus Domino.
R. Deo gratias.

V. Fidelium animæ per misericordiam Dei requiescant in pace.
R. Amen.

AD PRIMAM

Salve, Virgo sapiens,
Domus Deo dicata,
Columna septemplici
Mensaque exornata.

Ab omni contagio
Mundi præservata.
Semper sancta in utero
Matris, ex qua nata.

Tu Mater viventium,
Et porta es sanctorum.
Nova stella Iacob,
Domina angelorum.

Zabulo terribilis
Acies castrorum.
Porta et refugium
Sis Christianorum.

V. Ipse creavit illam in Spiritu Sancto.
R. Et effundit illam super omnia opera sua.

Conclusio horae

  
AD TERTIAM

Salve, arca foederis,
Thronus Salomonis,
Arcus pulcher ætheris,
Rubus visionis.

Virga frondens germinis,
Vellus Gedeonis,
Porta clausa numinis,
Favusque Samsonis.

Decebat tam nobilem
Natum præcavere
Ab originali
Labe matris Evæ.

Almam, quam elegerat,
Genetricem vere,
Nulli prorsus sinens
Culpæ subiacere.

V. Ego in altissimis habito.
R. Et thronus meus in columna nubis.

Conclusio horae


AD SEXTAM
Salve, Virgo puerpera,
Templum Trinitatis,
Angelorum gaudium,
Cella puritatis.

Solamen moerentium,
Hortus voluptatis,
Palma patientiæ
Cedrus castitatis.

Terra es benedicta
Et sacerdotalis,
Sancta et immunis
Culpæ originalis.

Civitas altissimi,
Porta orientalis:
In te est omnis gratia,
Virgo singularis.

V. Sicut lilium inter spinas
R. Sic amica mea inter filias Adæ.

Conclusio horae

  
AD NONAM

Salve, urbs refugii,
Turrisque munita
David, propugnaculis
Armisque insignita.

In conceptione
Caritate ignita
Draconis potestas
Est a te contrita.

O mulier fortis,
Et invicta Iudith!
Pulchra Abisag virgo
Verum fovens David!

Rachel curatorem
Aegypti gestavit:
Salvatorem mundi
Maria portavit.

V. Tota pulchra es, amica mea.
R. Et macula originalis numquam fuit in te.

Conclusio horae


 AD VESPERAS

Salve, horologium,
Quo, retrogradiatur
Sol in decem lineis;
Verbum incarnatur.

Homo ut ab inferis
Ad summa attollatur,
Immensus ab angelis
Paulo minoratur.

Solis huius radiis
Maria coruscat;
Consurgens aurora
In conceptu micat.

Lilium inter spinas
Quæ serpentis conterat
Caput: pulchra ut luna
Errantes collustrat.

V. Ego feci in cælis ut oriretur lumen indeficiens.
R. Et quasi nebula texi omnem terram.

Conclusio horae


AD COMPLETORIUM

Salve, virgo florens,
Mater illibata,
Regina clementiæ,
Stellis coronata.

Super omnes angelos
Pura, immaculata,
Atque ad regis dexteram
Stans veste deaurata.

Per te, mater gratiæ,
Dulcis spes reorum,
Fulgens stella maris,
Portus naufragorum.

Patens cæli ianua
Salus infirmorum
Videamus regem
In aula sanctorum.

V. Oleum effusum, Maria, nomen tuum.
R. Servi tui dilexerunt te nimis.

Conclusio horae


 AD COMENDARIONEM

Supplices offerimus
Tibi, virgo pia,
Hæc laudum præconia:
Fac nos ut in via

Ducas cursu prospero,
Et in agonia
Tu nobis assiste,
O dulcis Maria.

R. Deo gratias.


Ant.
Hæc est virga in qua nec nodus originalis, nec cortex actualis culpæ fuit.

V. In conceptione tua virgo immaculata fuisti.
R. Ora pro nobis Patrem, cuius Filium peperisti.

Oremus
Deus, qui per Immaculatam Virginis conceptionem dignum Filio tuo habitaculum præparasti: quæsumus, ut qui ex morte eiusdem Filii tui prævisa eam ab omni labe præservasti, nos quoque mundos eius intercessione ad te pervenire concedas. Per eundem Christum Dominum nostrum. Amen.