terça-feira, 6 de março de 2012

SÃO FRANCISCO DE SALES Ícone do Bom Pastor

Pe. Carlos Martins de Borba, osfs
Fontes: Texto retirado da revista VIVA JESUS dos Oblatos de São Francisco de Sales



No dia 24 de janeiro a Igreja recorda a vida de São Francisco de Sales. Sinto-me pequeno diante da grandeza do testemunho de vida deste Santo. Neste pequeno artigo quero relembrar alguns aspectos de sua vida que levou a Igreja a declará-lo como “Doutor do Amor de Deus”. A oração da liturgia daquele dia assim reza: “Ó Deus, quisestes que São Francisco de Sales se fizesse tudo para todos... acendei em nós o fogo do Espírito Santo que inflamava o seu coração terníssimo... e concedei-nos, imitar a caridade e mansidão para com ele chegarmos à glória...”.

Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco. Preciso conduzi-las também, e ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor (Jo 10. 16)
TUDO PARA TODOS: 


Assim viveu São Francisco de Sales. No mês de julho de 1605, o Bispo Francisco de Sales foi fazer uma visita pastoral no Chablais (região em que ele realizou, como padre, sua primeira experiência de pastor e evangelizador). Conta-se que os ministros calvinistas contrataram um jovem, filho de um médico de Genebra, para seguir os passos do Bispo.

Francisco tinha tanto trabalho que chegou a ficar doente e com muita febre. Estando num quarto a recuperar a saúde, ouve do outro lado da sala a voz deste jovem gracejando sobre a vida ociosa do Bispo. Francisco manda chamá-lo. Depois de cumprimentá-lo pede para lhe tomar o pulso... O jovem ficou impressionado com as palavras do Bispo e também surpreendido porque ninguém daquele lugar sabia que ele tinha conhecimento de medicina. Depois de falar que estava observando seus passos, perguntou: “-O que anda fazendo por estes lugarejos?” E Francisco responde: “Ando a procura das minhas ovelhas”. E abraçando-o com ternura diz; “vós sois uma delas”. E o rapaz, comovido, caiu de joelhos diante do Bispo e pedia instrução sobre sua fé. Passados 10 dias, o Santo acolhia-o, convertido, na Igreja de Cristo. E assim ele continuava fazendo suas visitas pastorais a pé, como era seu costume, por toda a diocese, fazendo-se tudo para todos.
“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me seguem”. (Jo 10.27)

CORAÇÃO TERNÍSSIMO: 


Um outro fato aconteceu. Certo dia, duas jovens se apresentaram ao Mosteiro da Visitação de Annecy. Queriam se consagrar a Deus mas com a condição de continuar usando brincos nas orelhas e anel nos dedos. A Madre Francisca de Chantal e a comunidade não concordaram: Francisco porém, agiu diferente... Com um coração terníssimo percebeu que por trás destas vaidades, existiam boas manifestações vocacionais e disse: “Devemos suportar o próximo, até mesmo nas suas infantilidades”, e adimitiu-as.

Francisco de Sales aproveitava todas as oportunidades para instruí-las: “Se tiver que pender para algum extremo, que seja para o lado da doçura. O coração humano é assim: irrita-se com rigor. Tudo pela doçura e nada à força. A violência desordena tudo, azeda os corações e gera o ódio... As saladas, para serem boas, devem levar mais azeite que vinagre. Mais vale fazer pouco e bem; não é pela multiplicidade das coisas que fazemos que adiantamos na perfeição, é pelo fervor com que as fazemos. A devoção é um fervor suave, tranqüilo, judicioso; porém, a pressa é a sua ruína”.
Depois desta instrução, as jovens aceitaram os conselhos e foram admitidas ao noviciado. E, tão logo, as noviças, tão envergonhadas, pediram perdão à comunidade. Era, então, com esta amabilidade que Francisco usava meios simples e suaves que com firmeza ajudava as pessoas a deixar a vaidade e a moleza, em vista de se darem totalmente a Deus.

“Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância.
Eu sou o bom pastor. O bom pastor expõe a sua vida pelas ovelhas”. (Jo 10.10-11)

CARIDADE E MANSIDÃO: 


A caridade e a mansidão marcaram a sua vida e a sua missão. Conta-se que no ano de 1605 Francisco se encontrava no povoado de La Roche. Após suas pregações ele começou a visitar os doentes nas terças e sextas-feiras. Confortava-os, ensinando como aceitar e entender a realidade da dor e da doença. Numa destas visitas caridosas, o Santo encontrou um surdo-mudo. O pobre sujeito tinha boa disposição, boa apresentação e uma certa inclinação respeitosa para com o Santo, de maneira que, apesar de sua limitação, freqüentava sempre suas pregações. Como sempre pedia esmolas, as pessoas não ligavam para sua constante presença.

Francisco, no entanto, tomando o pobre pela mão o levou consigo para cumulá-lo permanente com sua zelosa caridade. Com paciência e mansidão, Francisco conseguiu, com a ajuda de Deus, abrir-lhe a compreensão por meio de sinais e gestos das mãos, dos olhos e do resto, de maneira que lhe ensinou a rezar, confessar com sinais e receber a Santa Comunhão. Francisco de Sales queria ser ele mesmo o confessor do pobre surdo. De lá em diante o teve em sua casa e pediu para que todos cuidassem dele com a mesma caridade.

Portanto, vale a pena recordar algumas atitudes de São Francisco de Sales. Lendo seus escritos, a gente se encanta com tantas manifestações de amor e ternura que expressam o amor e a ternura do nosso Deus. Mas, não basta só recordar, é preciso viver...