quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

CINCO GRAUS DA HUMILDADE SEGUNDO SÃO FRANCISCO DE SALES

“Confesso que não conseguir compreender que haja humildade sem amor de Deus, nem amor sem humildade”. (SFS)



 PRIMEIRO GRAU: Conhecimento de nós mesmos.

O primeiro grau da humildade é o conhecimento de nós mesmos, isto é, quando pelo testemunho da nossa própria consciência e com a luz que Deus derrama no nosso espírito, conhecemos que não somos senão pobreza, miséria e abjeção. Esta humildade, se não passa mais adiante, não é grande coisa e é muito comum, pois poucas pessoas há que vivem em tão grande cegueira que, por pouca reflexão que façam, não conheçam a sua insignificância; mas apesar de não poderem deixar de ver como são, ficariam sumamente pesarosas se alguém as tivesse por tais. Por isso não devemos parar aqui, mas passar ao segundo grau, que é o reconhecimento; pois há diferença entre conhecer uma coisa e reconhece-la.

SEGUNDO GRAU: Reconhecimento.

O segundo grau é o reconhecimento que consiste em dizer e publicar, quando é necessário, o que de nós conhecemos: mas entende-se, dizê-lo com um verdadeiro sentimento do nosso nada, pois se encontram imensas pessoas que não fazem outra coisa senão humilhar-se, mas só por palavras. Falai a uma mulher das mais frívolas, a um cortesão do mesmo teor e dizei-lhe: Meu Deus, como sois dignos de apreço, que merecimento tendes! Não vejo nada que se possa comparar com a vossa distinção. – Eles responderão: Ai Jesus!,perdão, se eu não valho nada, não sou senão miséria e imperfeição; mas ficam muito contentes por se ouvirem louvar, e mais contentes ficarão ainda se estiverdes convencida do que dizeis. Ora aqui está como essas palavras de humildade não passam da ponta da língua e não partem de forma alguma do íntimo do coração; pois se lhes pagásseis na palavra no que diz respeito à humildade, ofender-se-iam, e haviam de querer imediatamente uma reparação de honra. Ora, de semelhantes humildades, Deus no defenda.

TERCEIRO GRAU: Concordar quando somos descobertos.

O terceiro grau é concordar com a nossa insignificância e miséria e confessá-la quando os outros a descobrem, pois muitas vezes dizemos, é verdade, e até com convicção, que somos maus e miseráveis, mas não quiséramos que outrem nos precedesse nesta declaração, e, se o fazem, não só não gostamos, mas até nos ofendemos, o que é uma prova verdadeira de que a nossa humildade não é perfeita, nem da mais delicada. É preciso, pois, confessar francamente e dizer: Tendes razão, conheceis-me muitíssimo bem. Este grau já é muito bom.

QUARTO GRAU:Alegrar-se quando nos humilham.

O quarto grau é gostar do desprezo e alegrar-se quando nos humilham e rebaixam; pois para que é que se há de estar a enganar a outrem? Isso não é razoável. Visto que confessamos que não somos nada, devemos ficar muito satisfeitos que o acreditem, que o digam, e que nos tratem como vis e desprezíveis.

QUINTO GRAU: Amar, desejar, procurar e comprazer-se por amor de Deus.

O quinto, que é o último e o mais perfeito de todos os graus da humildade, é não só amar o desprezo mas desejá-lo, procura-lo e comprazer-se nele por amor de Deus; e felizes daqueles que aqui chegam; o número deles, porém, é muito pequeno.

Jesus, manso e humilde de coração!
Fazei o nosso coração semelhante ao vosso.



FONTE 
Palestras íntimas com as monjas da Ordem da Visitação de Santa Maria